
A Sós, Mãe é um ensaio fotográfico que explora a solidão materna, desde a mãe recém-parida até a mulher que se perde para se encontrar como mãe. A experiência é pessoal e íntima, mas reflete uma realidade universal, de mães sem apoio, em uma sociedade que romantiza a renúncia materna e se esquiva de amparar quem cuida.
O ensaio apresenta três momentos interligados de solidão: a da mãe, a da filha e a do mundo.
No primeiro momento, um autorretrato reflete o silêncio e a ausência do início da minha maternidade Ocupo um espaço estático, onde o tempo parece imobilizado.Meus olhos observam o mundo timidamente, como se fosse até mesmo ousado desejá-lo.
O mundo que desejo é dedicado à minha filha. Ela surge nas cenas seguintes, lançada para fora do útero, em meio a aprendizados, desafios e autodescobertas. Corre pela natureza, livre, mas sozinha. Sua vulnerabilidade espelha a minha, mas ela avança, enquanto eu permaneço estática, presa à maternidade.
Por fim, a natureza surge como um personagem. Troncos, raízes e galhos evocam a resiliência exigida pela maternidade e a imobilidade que ela impõe. A natureza sustenta e nutre, mas também é selvagem e desafiadora.A solidão da mãe não é meramente uma questão de circunstâncias; é estrutural, enraizada em um sistema que invisibiliza e isola.






